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Saúde

Em busca de medula para João Daniel

05-05-2011

Campanha para encontrar alguém compatível a menino com leucemia fez com que o número de doadores aumentasse 40% em Maringá.

Em busca de medula para João Daniel

05-05-2011 

Rodolfo Stancki

Foto:Fábio Dias

João Daniel de Barros tem 5 anos, quer ser bombeiro e precisa de um transplante de medula óssea. Ontem, ele se deslocou de Maringá, no Norte do Paraná, para Curitiba em busca de um possível doador. Contudo, ao final dos exames, descobriu que a medula seria apenas 40% compatível com a sua. Como o risco de rejeição ao procedimento médico costuma ser grande, a família resolveu esperar. Mas não passivamente. Desde janeiro, os pais de João estão focados em uma campanha para aumentar o número de possíveis doadores de medula no Norte do estado.
A criança foi diagnosticada com leucemia em 2007 e passou a ser conhecida em Maringá como João Daniel Bombeirinho. O apelido surgiu quando ele teve de abandonar a escola que frequentava para fazer as oito sessões de quimioterapia que enfrenta mensalmente. Uma professora, que sabia do interesse dele pelos bombeiros, convidou um profissional para ir até a escola. "Depois disso o Corpo de Bombeiros o ‘adotou'. Deram até um diploma de bombeiro mirim para ele", comenta a mãe, Ana Paula Estevam.

Em outubro do ano passado, o caso ganhou mais destaque depois que João Daniel recebeu alta do Hospital do Câncer de Maringá e saiu de seu quarto pela janela, por uma plataforma mecânica do caminhão dos bombeiros. A repercussão do fato incentivou alguns empresários e representantes de organizações não governamentais a ajudar o menino.

"A família descobriu que ele precisava de um transplante e co­­meçamos a campanha tendo o João Daniel como símbolo. Cria­mos folders, cartazes e adesivos para sensibilizar as pessoas a participarem da coleta do sangue de possíveis doadores", comenta Vandré Fernando, conselheiro tutelar de Maringá. Fernando encabeça a ação, que deve ser ex­­pandida em junho para outras ci­­dades do estado. "Logo iremos para Cianorte [no Noroeste]. Estamos participando de eventos que reúnem vendedores de várias regiões do Brasil. Nosso slogan incentiva as pessoas a procurarem o hemocentro de sua cidade."

Nova rotina

No Hemocentro de Maringá, a rotina mudou desde que a campanha começou. Uma estimativa da instituição mostra que o número de doadores aumentou 40% desde janeiro. A assistente social Ângela Tessaro afirma que as unidades móveis também sentiram o impacto da campanha. "Recebíamos uma média de 130 cadastros em cada ação. Com a campanha, passamos a cadastrar 200 pessoas." Ângela conta ainda que datas específicas foram reservadas para doações organizadas pela família de João e por voluntários da campanha.

Para Ana Paula, a colaboração dos doadores tem dado força para a luta da família. "Tem sido muito bom ver que as pessoas são solidárias e se preocupam com o João." Apesar de ainda não ter encontrado um doador compatível para o filho, a mãe espera que a continuidade da campanha solucione o problema.

Segundo o Insti­­tuto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil existem 1,2 mil pacientes na condição de João Daniel. Não existe uma fila de transplante, já que isso depende da compatibilidade do doador.

O número de doadores chega a 2,2 milhões no Brasil. Número que, segundo o Inca, praticamente supre a demanda nacional. Em ja­­neiro, o número de pessoas cadastradas para a doação era de 278.212. Até março de 2011, o Hospital de Clínicas de Curitiba já havia feito 24 transplantes de medula.

Serviço:

O cadastro de doadores deve ser feito em um hemocentro. O doador deve ter entre 18 e 55 anos. O procedimento para transplante é simples. Parte da medula é retirada por punções e transferida para o paciente. O material coletado se recompõe em 15 dias. Confira onde há hemocentros no Paraná: Curitiba (Travessa João Prosdócimo, 145, Alto da Quinze, 41 3281-4000), Cascavel (Rua Avaetés, 370, Santo Onofre, 45 3226-4549), Paranaguá (Av. Gabriel de Lara, 481, Centro, 41 3423-1300), Maringá (Av. Mandacaru, 1.600, Zona 48, 44 2101-9400), Londrina (Rua Claúdio Donizeti Cavalieri, s/n, Vila Operária, 43 3371-2465), Guara­puava (Rua Afonso Botelho, 134, Santa Cruz, 42 3622-2819), Ponta Grossa (Rua General Osório, 427, Centro, 42 3223-1616) e Foz do Iguaçu (Av. Gramado, 364, Vila A de Itaipu, 45 3576-8020).

 

Fonte: Gazeta do Povo