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Saúde

Excesso de peso na Infância

29-04-2011

 

Excesso de peso na Infância

29-04-2011

O mundo passa hoje por alguns problemas muito sérios relativos à saúde. Dentre eles, tem se dado destaque, e com razão, para uma doença que aumenta ano a ano e atinge cada vez mais populações antes relativamente protegidas - a obesidade. Em particular o excesso de peso na infância tem crescido com tal velocidade que tem preocupado autoridades, famílias e todos os que lidam com os pequenos.

Todos sabem que obesidade, por definição, é excesso de peso para uma determinada estatura - ou comprimento, em crianças pequenas. E sem duvida alguma, bebês também podem apresentar obesidade...

Também há na mídia uma divulgação cada vez mais intensa dos malefícios da doença. Não se trata de um simples problema estético, embora seja um aspecto relevante. O "gordinho" é dotado de muitos apelidos e alvo de gozação. Não consegue acompanhar outras crianças em atividades físicas. Torna-se lento e cansa-se fácil. Não é nem convidado e nem bem aceito em nenhuma equipe esportiva, ou mesmo recreativa. É discriminado. Tende então a se afastar dos outros. Com o passar do tempo, escolhe atividades que não exijam esforço, torna-se sedentário, o que só aumenta o problema.

Obesidade e sedentarismo, isto é, ficar parado, inativo, andam de mãos dadas. Um agrava o outro. E o outro agrava o um...

O que temos de perguntar é por que as coisas chegaram até esse ponto. Muitas respostas já temos, mas as perguntas são muito mais numerosas.

O que ainda é intrigante para o profissional que trabalha com esse grupo é a coexistência da obesidade com o: "Dr.(a), o meu filho não come..." - Essa queixa de "não comer" é por demais comum para ser ignorada. É extremamente freqüente e acompanhada de grande angustia e nervosismo por parte dos pais, principalmente da mãe e avó, que se sentem frustradas, culpadas e também amedrontadas com o "não come". Vai ficar doente... não vai engordar nem crescer... Não sei mais o que fazer... Já fiz de tudo para ele comer... E assim por diante.

Como pode o "não come" em uma determinada fase da infância conviver com tamanho índice de obesidade, se um dos determinantes desta é comer muito e comer mal? Não deixa de ser uma grande contradição. Mas é a realidade, e existe uma estreita relação entre as duas coisas. Podemos em muitos casos afirmar que uma é raiz da outra.

O alerta deve ser feito para que haja necessariamente uma mudança radical na maneira de encarar a alimentação na infância. A família (a mãe, avó, vizinha, tia )não pode mais aplicar conceitos há muito, ultrapassados. Ainda se acredita que quanto mais come, mais forte o bebê fica... mais bonito... mais resistente às infecções. As refeições são sempre super dimensionadas, os alimentos calóricos predominam, e sempre se insiste para comer um pouquinho mais.

Qualquer chorinho é resolvido com uma bolachinha ou um biscoitinho... "assim ele se distrai." E assim a humanidade vai aprendendo desde cedo que comida conserta tudo, resolve tudo... comida é remédio para enfrentar situações de dificuldade. Comida é o passaporte para a felicidade geral do lar. Mais tarde, comida acompanha horas infindáveis de televisão, vídeo game, computador. Come-se, sem perceber que está comendo...

A orientação alimentar deve fazer parte integrante de consultas de Puericultura. A mãe não nasceu sabendo e, se não for ensinada, e seus aspectos psicológicos forem trabalhados em cada atendimento, ela vai errar. Vai se comportar inadequadamente em cada refeição e vai ter uma noção errada de todo o processo nutricional.

Orientando bem a família, estaremos dando um grande passo, rumo ao futuro. É o primeiro e o mais importante, pois é lá que a criança vai aprender o beabá de nutrição saudável e vai, por conseguinte, se posicionar melhor frente às tentações das lanchonetes, das prateleiras dos super mercados, das festinhas de aniversário, do bombardeio da televisão nos horários infantis. Se a criança for adequadamente ensinada, nada lhe será proibido... ela terá acesso a tudo o que faz parte da sua infância, sem comprometer sua alimentação, nem seu peso, nem sua saúde, atual e principalmente futura.