25-04-2011
Estresse no trabalho leva mais de 1 milhão de brasileiros a receber auxílio-doença
25-04-2011
Problemas causados pelo estresse - depressão, alcoolismo, hipertensão, dor de cabeça e outros - levaram 1,3 milhão de brasileiros a se afastarem do trabalho e receberem auxílio-doença, segundo uma pesquisa recente da UnB (Universidade de Brasília), divulgada no começo de abril.O estudo também mapeou as principais causas de afastamento dos trabalhadores. Entre os principais motivos, além dos problemas mentais decorrentes do estresse, está a esquizofrenia.
Para Anadergh Barbosa Branco, professora de medicina do trabalho da UnB e autora do estudo, a falta de um exame preciso que comprove distúrbios psicológicos - como a depressão - faz com que os funcionários nesse estágio de estresse não saibam lidar com o problema, assim como a maioria das empresas.
O número de funcionários afastados, registrado em 2008, é preocupante e mostra a sociedade como "criadora de uma legião de incapacitados", afirma Anadergh.
- As doenças da mente representam cada vez mais um fator importante [de afastamento no trabalho], com maior curso e duração, e estão crescendo em quantidade. Há um custo social alto para o governo e para a sociedade. É preciso acordar para isso.
Dentro do trabalho, as causas do quadro depressivo podem ser inúmeras: cobranças incessantes e assédio moral, por exemplo.
Já do lado de fora, o fim de um relacionamento e a perda de um parente querido podem motivar tristeza profunda e dificuldade para lidar com o dia a dia.
O mais importante após o diagnóstico, independente do nível de estresse, é procurar tratamento imediato. Anadergh afirma que isso requer, inevitavelmente, afastamento temporário da rotina do emprego.
Não é frescura
Visto como "frescura" por patrões despreparados, o estresse leve pode levar a prejuízos maiores se não for tratado com urgência.
Segundo uma pesquisa da Universidade de Bristol, na Grã-Bretanha, mesmo os "estressados leves" acabam incapacitados ao longo do tempo.reciso ficar atento se o sofrimento é constante, diz a presidente da Isma-BR (Associação Internacional de Cuidados com o Estresse, em tradução do inglês), Ana Maria Rossi.
Sintomas físicos como tensões musculares, dores de cabeça e dores no intestino são características de quem precisa de tratamento médico e não está se cuidando como deveria. Também há sinais emocionais, como ansiedade, culpa, depressão e raiva, que levam a ações inadequadas e "explosões" no trabalho.
No Brasil não é diferente. Além das estatísticas levantadas pela UnB, a Isma aponta que 70% da população brasileira sofre de estresse. Desse total, 30% apresentam burnout, que é o estado de exaustão física e mental que pode levar à depressão e até ao suicídio.
Ana Maria também chama a atenção para os prejuízos significativos com isso, já que o auxílio-doença é cedido pelo Ministério da Previdência, ou seja, tem origem em dinheiro público.
- Estimamos que [o prejuízo] seja de 3,5% do PIB [Produto Interno Bruto] do país, considerando faltas, ausência na empresa, presenteísmo [quando a pessoa está fisicamente no local, mas alheia ao que faz], e a licença-médica, com os problemas todos de saúde. O prejuízo maior é do trabalhador, que prejudica o seu bem maior, que é a sua saúde.
Fonte: R7 Notícias