Quinta-feira às 25 de Abril de 2024 às 12:34:07
EM CAMPO LARGO 16º | 21º
Saúde

O longo caminho do sangue

O tema doação de sangue desperta uma grande curiosidade nos campo-larguenses, mas como é feita essa doação? Por quais processos o sangue passa até, finalmente, encontrar seu novo dono?

O longo caminho do sangue

Tudo começa quando o doador é captado. Ele tem o interesse em realizar a doação e comparece ao ban­co de sangue, onde é feita uma triagem clínica e he­matológica, para verificar o estado geral de saúde do paciente e também fazer perguntas sobre seus com­portamentos que possam influenciar na saúde. Depois de aprovado, ele recebe um código de barras, que é a identificação de todo o sangue coletado (bolsa e amos­tra para exames laboratoriais) e então é feita a coleta, que nunca pode passar de 15 minutos.

É aí que começa toda a trajetória do sangue, até chegar ao seu receptor, como explica a enfermeira do Hemepar, Liana de Souza. “A bolsa é enviada para o fra­cionamento, local onde o sangue passa por um proces­so de produção, é pesado e dividido entre concentrado de hemácias (que dão a cor vermelha ao sangue), plas­ma fresco congelado, criociptado (crio) e concentrado de plaquetas; por isso nós dizemos que com apenas uma doação de sangue podem ser salvas até quatro pessoas.”

A amostra sanguínea é levada para a análise, onde são feitos exames de Hepatite B, C, HIV, Doença de Chagas, Sífilis e para identificar a tipagem sanguínea, dentro do sistema ABO e fator Rh, que pode ser positi­vo ou negativo. Por isso, para que todo esse processo aconteça, o sangue que foi doado pode levar até um dia para ficar disponível às agências transfusionais.

O sangue possui uma validade, variável para cada hemocomponente. As plaquetas, por exemplo, duram cinco dias, o concentrado de hemácias pode durar até 40 dias, já os demais componentes até um ano. Os componentes ficam armazenados de acordo com a sua necessidade. O plasma e o crio são congelados a -20°C até -30°C; as plaquetas são armazenadas em 22°C com agitação constante e as hemácias ficam ar­mazenadas em outra câmara, com temperatura entre 2°C e 4°C. Assim que são feitos todos esses processos, de exames, identificação e armazenamento, as bolsas são liberadas para utilização ou distribuição às agên­cias transfusionais.

Por causa do tempo de validade, o Hemepar está trabalhando com marcação de horários para doação de sangue, a fim de deixar o banco sempre com um bom estoque de sangue fresco. O agendamento pode­rá ser feito em breve por meio do site do Hemepar ou por telefone.

Em Campo Largo, o Hemepar atende três hospi­tais: o Hospital do Rocio, São Lucas e Hospital Infantil Waldemar Monastier. O único que possui uma agência transfusional é o Hospital do Rocio.

 

 E o receptor?

Se há alguém precisando transfundir no hospital, o sangue é prescrito pelo médico ou equipe médica que está acompanhando aquele paciente. O documento é preenchi­do, com todos os dados, é coletada uma amostra do sangue do paciente e enviada para a agência, que realiza o teste de compatibilidade duas vezes e devolve para o hospital ou unidade de saúde para uma nova conferência.

A transfusão deve acontecer entre duas e quatro ho­ras de gotejamento – tudo conforme prescrição médica. A quantidade também é determinada pelo médico, que leva em consideração o quadro clínico do paciente, peso, altura, idade, pressão arterial, entre outros fatores.

Tem reação?

O doador pode sim ter reações indesejadas em casos raros (menos de 0,03% das doações), tais como hipoten­são, náusea, tontura, palidez, sudorese ou desmaio. Porém, vale ressaltar que as equipes disponíveis nos hemocentros são preparadas e equipadas para socorrer os doadores, caso isso aconteça.

O tempo de permanência e o lanche após a doação são imprescindíveis também para que a equipe possa verificar as condições clínicas do doador após a doação.

Já o receptor pode ter problemas principalmente por falhas humanas, como a tipagem incorreta, troca de amos­tras, sangue correndo rápido demais ou por mais de quatro horas, mas também em casos raros.

Quero doar, mas como e onde?

Para doar é preciso: estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 67 anos (menores de idade com autorização e presença do responsável legal); pesar no mínimo 50Kg; estar descansado e alimentado (evitar alimentação gordu­rosa nas quatro horas que antecedem a doação); apresen­tar documento oficial com foto. Para saber os impedimen­tos à doação, acesse: http://www.saude.pr.gov.br.

Em Campo Largo não há banco de sangue, mas em Curitiba há vários locais para a captação. Confira algumas opções:

Hemepar: Travessa João Prosdócimo, 145 - Alto da XV. Funcionamento: se­gunda a sexta das 08h às 18h e aos sábados das 08h às 17h30. Informações: (41) 3281-4000;

Hemobanco: Rua Capitão Souza Franco, 290 – Bigorrilho. Funcionamento: se­gunda a sábado, das 08h às 13h30. Informações: (41) 3023-5545;

Biobanco - Hospital de Clínicas: Avenida Agostinho Leão Junior, 108 - Alto da Glória. Funcionamento: segunda a sexta das 07h30 às 17h30. Informações: (41) 3360-1875;

Banco de Sangue do Hospital Erasto Gaetner: Rua Doutor Ovande do Amaral, 201 - Jardim das Américas. Funcionamento: segunda a sexta das 10h às 17h. Infor­mações: (41) 3361-5038.