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Opinião

Quem tem amigos, tem tudo - até liberdade provisória

Quem tem amigos, tem tudo - até liberdade provisória

Dizem que no Brasil, quem tem contatos, tem tudo. A frase parece ser verdadeira, já que José Dirceu está solto. De novo. A decisão foi lavrada pelo Superior Tribunal Federal na última semana, por três votos a um, e deixou muita gente, até mesmo confusa com o que estava acontecendo.

Vamos aos fatos. José Dirceu está condenado a 30 anos e nove meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinhei­ro e organização criminosa na Operação Lava Jato e ele até já tinha começado a cumprir essa pena no início deste ano.

A proposta para a liberdade provisória do ex-político e ex-advogado partiu do ministro do STF Dias Toffoli, que possui ligações pessoais com o mesmo. No ano de 2012, no auge dos julgamentos do Mensalão, Toffoli teve que se declarar incapaz para julgar o caso justamente pela ligação que tinha com o acusado.

Puxando um pouco mais pela memória, no ano de 2005, quando de fato estourou o Mensalão,Toffolli era subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, ministério que perten­cia a José Dirceu, fazendo com que o juiz fosse diretamente seu subordinado.

Ainda que essas duas pessoas, que de alguma forma - ou algum dia - já representaram o povo brasileiro, tenham rompido ligações, fica difícil acreditar em um julgamento sé­rio na foma que ele é apresentado. Há milhares de juízes íntegros pelo país, mas também existem aqueles que nos fazem duvidar do Judiciário Brasileiro.

Há algumas edições, a Folha de Campo Largo trouxe uma matéria que explicava como era o Judiciário, seu papel e qual a função do STF. Os ministros que ocupam aqueles cargos são escolhidos a dedo pelo Presidente da República, o que nos faz pensar no interesse, porque tudo no Brasil parece ser regido por ele.

Um dos maiores escritores e diplomatas da história mun­dial, Nicolau Maquiavel, escreveu que ‘o primeiro método para estimar a inteligência de um governante, é olhar para os homens que tem a sua volta’. Uma frase extremamente atemporal e que se encaixaria perfeitamente no Brasil. Há inteligência nos políticos brasileiros, há estratégia e também há aliados poderosos, com canetas poderosas prontas para libertá-los, caso se metam em problemas. Uma pena que essa inteligência seja tão pejorativa.