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Opinião

Na Semana da Independência o Brasil perde 200 anos

À porta dos 196 anos de Independência, o Brasil aca­bou perdendo 200 anos de História viva e preservada. O incêndio que atingiu o Museu Nacional, no último domingo (02), levou à lástima milhõ

Na Semana da Independência o Brasil perde 200 anos

À porta dos 196 anos de Independência, o Brasil aca­bou perdendo 200 anos de História viva e preservada. O incêndio que atingiu o Museu Nacional, no último domingo (02), levou à lástima milhões de brasileiros e comoveu até mesmo outros países.

Das portas para dentro, o Museu conservava a maior coleção egípcia da América Latina, fósseis de dinossauros descobertos no país e também da Luzia, o esqueleto de uma jovem que viveu há 12 mil anos na região de Minas Gerais. Além disso, também tinham no acervo animais raros, novas espécies, que servem como base de pesquisa para novas descobertas. Estima-se que o Museu tinha um acervo com mais de 20 milhões de ítens.

Tudo isso envolto de uma estrutura que completou dois séculos em julho deste ano e que já abrigou a Família Real Brasileira, na época do Brasil Império.

Há algum tempo o Museu padecia de cuidados. Já apresentava cupins nas madeiras, reboco bem fragilizado, goteiras em vários pontos, sem contar nos morcegos e gam­bás, que muitas vezes apareciam nas áreas comuns. O Mu­seu estava sob cuidados paliativos, uma palavra um tanto pesada, mas que se encaixa piamente ao desfecho trágico que todos presenciamos.

Esse não foi o primeiro local atingido por catástrofe, na verdade outros locais extremamente importantes para a Ci­ência Brasileira, como o Instituto Butantan, em 2010, e os museus da América Latina (2013) e da Língua Portuguesa (2015), já tinham sido atingidos pelas chamas.

A falta de cuidado parece um mal que nos atinge muito no Brasil, desde o Brasil Colônia. Se a própria população, homens, mulheres, crianças, idosos, carecem de cuidado e atenção, imagine museus e demais patrimônios tombados.

Acabamos nos tornando pessoas doentes, sem histó­ria, sem valorizar e aprender com os erros do passado, re­petindo discursos de outras pessoas que estavam somente preocupadas consigo mesmas.

O governo vigente cortou verbas para pesquisas, con­gelou gastos públicos com a PEC do Teto por 20 anos, o que nos levou a esse episódio. Eles só não esqueceram de diminuir os gastos da máquina pública, cortando benefícios e salários milionários.

A comoção vai tomar conta do mundo político, pois es­tamos em período eleitoral. É preciso que eleitores fiquem atentos às reais intenções daqueles que prometem nos representar. Esses “acidentes” são resultados também das nossas escolhas, dos nossos votos. Temos vários prédios públicos que precisam de manutenção adequada, como hospitais, universidades, sedes de governos, sob o risco de tragédias que envolvam feridos também.

Além do mais, também precisamos de gente que real­mente conheça a nossa história e que a valorize, restaure o nosso orgulho em sermos brasileiros, pois cada vez mais nos escondemos, embora tenhamos um país cheio de po­tencial em várias áreas.