A escolha profissional já é imposta muito cedo aos adolescentes. Com pouca experiência e vivência, os adolescentes precisam já tomar decisões que vão direcionar toda a vida deles, sem muitas vezes terem a mínima ideia dos impactos que a escolha pode gerar. Além disso, novas tecnologias, modelos de atuação e necessidades do mercado têm mudado constantemente e criam novas necessidades.

Devido a isso, tem quem estimule os filhos a passarem por outras experiências antes de fazerem vestibular ou iniciar algum curso. Mas essa dúvida pode acontecer até mesmo na fase adulta, quando de repente o profissional se dá conta de que não é feliz exercendo suas atividades e que sua vocação é outra. Mas, com o passar do tempo e obrigações financeiras, muitas vezes torna-se difícil iniciar os estudos de uma nova profissão e com isso se vê muitos profissionais frustrados.

Diante disso, a Folha conversou com a psicóloga Liliana Feltrin (CRP 08/13612), a qual explicou que em um cenário corporativo cada dia mais competitivo, é muito comum surgirem dúvidas quanto à escolha de uma profissão, decisão que tem se tornando cada vez mais difícil para os jovens e muitas vezes também para profissionais que acabam sentindo a necessidade em passar por um processo de transição de carreira. O processo de autoconhecimento vem desde cedo, do simples fato de uma criança ter autonomia para tomar decisões em sua infância a respeito de seus gostos para decidir sua própria roupa, o que gosta de fazer, comer, brincar. Essas são atitudes que poderão contribuir para que se tenha mais segurança e para que no futuro consiga tomar decisões mais concretas a respeito das suas escolhas.

“Ao longo deste processo, normalmente o jovem acredita que é necessário buscar por uma profissão que dê mais dinheiro, porém pode ser uma crença equivocada, pois não existe uma profissão que dê dinheiro e sim profissionais que utilizam de suas habilidades para ganhar dinheiro fazendo com excelência aquilo que gosta. Se não houver o prazer, determinação e amor em se fazer o que gosta, pode em algum momento sentir uma frustração ao longo da carreira”, explica.

Nessa difícil busca pela profissão que melhor se encaixa com o perfil da pessoa, a orientação profissional, com auxílio de um psicólogo, ajudará a pensar sobre habilidades e entender o seu perfil comportamental, seja ele mais voltado a habilidades técnicas, de planejamento, comunicação, entre outros. “Também é possível refletir sobre o que não gosta, aspectos que poderão interferir negativamente no exercício de uma profissão. Durante o processo também são realizados diversos testes de autoconhecimento, análise do perfil comportamental, identificação de habilidades, análise das profissões de acordo com as áreas de atuação e de interesse. Tudo isso avaliado por meio de instrumentos que podem favorecer a escolha de forma confiável, pois são reconhecidos pela Psicologia”, esclarece Liliana.

Segundo ela, não necessariamente se pode dizer que um perfil de pessoa não pode atuar em determinada área, até mesmo porque dentro de uma mesma área há profissionais com perfis diferenciados e que agregam mais conhecimento dentro de uma equipe de trabalho.
No início do processo de orientação profissional é realizada uma anamnese com objetivo de conhecer os aspectos de vida. São observados aspectos relacionados ao contexto pessoal, interesses pessoais, hobbies, rotina, entre outros.

Em caso de reorientação profissional, faz-se necessário que o processo de escolha seja revisitado para que se entenda como ele aconteceu.  “Vale a pena pensar sobre como foi a escolha, em que ela foi baseada e como foi a orientação para chegar a ela. Perguntas como estas poderão ajudar a pensar naquilo que não se espera de uma profissão após uma experiência anterior que gerou frustrações, facilitando o orientando a buscar por uma profissão que irá lhe proporcionar mais satisfação em sua carreira.”

Saber qual é a melhor escolha, bem como desenvolver as competências necessárias para o mundo do trabalho é um processo que exige autoconhecimento e o auxílio de um profissional especializado é uma poderosa ferramenta de gestão pessoal que irá orientar e conduzir aos resultados que se quer alcançar. “Planejar o seu futuro e investir em um processo de orientação profissional é uma das maneiras mais eficazes para contribuir com reflexões, realizar testes de autoconhecimento de maneira segura e sem julgamentos. Tudo isso poderá colaborar para uma escolha baseada nas suas preferências o que aumenta as chances de sucesso na trajetória profissional. Pensar no trajeto que se deve seguir é saber como preparar o seu projeto de vida, escolher uma profissão é assumir o protagonismo da sua própria história”, conclui.