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Opinião

Antes que a morte bata à porta

Antes que a morte bata à porta

Ano Novo, Sexta-Feira Santa, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal... Tantas datas nos levam à reflexão, mas se parar para pensar, nenhuma é tão profunda quando o Dia de Finados.

Um momento de introspecção e de lembrar que a morte muitas vezes não parece justa, levando o fôlego de pessoas tão amadas por nós de maneira abrupta ou sofrida.

A morte não obedece a um roteiro, leva desde bebês a idosos em um abrir e fechar de olhos, coisa que muda nossa vida em poucos minutos. Porém, é preciso saber que passar por um evento como esse ao longo da vida é completamente inevitável, mais certo que o sol que irá nascer amanhã.

Para muitos, a morte pode ser um tabu. Parece que falar sobre esse assunto causa espanto, muito mais que dor ou qualquer outro sentimento. Um desespero, uma ansiedade e algo inexplicável, como se fosse iminente.

Mas, esse é sim um assunto a ser tratado desde a infância, buscando tratar temas relacionados à doação de órgãos e as mais variadas vontades de como gostaria que acontecesse após este evento. Triste, mas necessário e que fará total diferença no futuro. Que o receio em falar do assunto não nos afaste de transmitir histórias e memórias que um dia partirão conosco e nem nos impeça de tratar dores causadas pelo luto e pela ausência de uma parte de nós.

Antes que a morte bata à porta, há uma série de coisas que deveríamos considerar, para que o descanso seja em paz, não somente ao falecido, mas também para quem fica. Um passo importante é a resolução de conflitos, ressentimentos e mágoas. Além de envenenar a vida, deixar situações mal resolvidas como herança é algo que devemos evitar ao máximo. O perdão, quando concedido ao outro, ou até para si mesmo, é uma libertação de dor da alma, passando uma borracha em erros passados. Mas este deve ser sincero, pois não há nada mais triste que a percepção do remorso e angústia sobre algo que não pode mais ser revertido.

Algo importante para fazer antes que a hora chegue é conectar-se a outras pessoas, em relacionamentos sólidos, verdadeiros e de coração, deixando sua marca no mundo. As lembranças que terão de nós acabam sendo, em sua grande maioria, muito maiores e mais importantes do que nossas tentativas diárias de "mudar o mundo".

Imediatamente ao passo que falamos sobre a morte, também vem em nossa mente a necessidade de aproveitar intensamente, de criar oportunidades para que boas memórias fiquem junto das nossas famílias e amigos, sem pensarmos necessariamente no amanhã.

É um dia para pensarmos no que temos feito com o nosso tão precioso tempo, e no que ainda queremos fazer. É um dia para nos questionarmos sobre o que é realmente importante para nós, e sobre como queremos viver o resto de nossas vidas.

Cada pessoa, junto da sua vivência, tem uma forma de ver a morte, seja no aspecto filosófico ou religioso, onde é o final de tudo, uma pausa, descanso ou oportunidade de iniciar uma nova jornada, na Terra ou no Céu, uma dica é fazer uma meditação, uma oração, uma reza. De visitar os túmulos, acender velas, levar flores. No cemitério ou em casa. Seja qual for o seu costume, não deixe essa data passar em branco, sem ao menos pensar em como você pode viver melhor. Antes que a morte chegue, viva a vida com propósito.