Domingo às 28 de Abril de 2024 às 09:13:32
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Opinião

Até onde nos ajuda e a partir de quando nos atrapalha?

Até onde nos ajuda e a partir de quando nos atrapalha?

O mundo está sensível, mas ao mesmo tempo um dos maiores desafios desta geração é conseguir encontrar a linha tênue, o limite entre o que ajuda e a partir de quando atrapalha. Hoje, refletindo sobre tecnologia, chegamos à conclusão que o estabelecimento entre o que é saudável, real e importante tem se perdido em meio às constantes atualizações de feeds, jogos eletrônicos e tantos outros aplicativos disponíveis para, definitivamente, qualquer coisa, qualquer tarefa.

Não queremos tornar a tecnologia uma vilã, longe disso. Ela está presente em todos os aspectos da nossa vida, nos trouxe inúmeros benefícios, como a facilidade de comunicação – o que é essencial no nosso trabalho, por exemplo, o acesso à informação e a melhoria da qualidade de vida. Essa é a linha tênue que queremos que você, caro leitor, analise, em quando o vício, a dependência e os riscos à privacidade causam impacto na sua vida e de sua família de maneira sutil, quase imperceptível, se agravando pouco a pouco, como é costumeiro do vício.

E essa preocupação não é só nossa. Já ouvimos professores preocupados com uma geração que pode ser acostumada a preencher formulários, mas não questionar o que está realmente fazendo; que está atento à necessidade de algo básico, como o exercício da letra manuscrita, em levar o aluno ao pensamento crítico, estimular a criatividade. Infelizmente, do outro lado, poucos estão realmente interessados em efetivamente realizar o que é proposto. No futuro, quantos mais conseguirão escrever textos sem utilizar recursos tecnológicos? Cálculos de cabeça com números grandes em contas de soma, subtração, divisão e multiplicação?

Já ouvimos também psicólogos que tratam a dependência tecnológica em crianças muito pequenas; casos de “abandono digital” onde a criança é “criada” pela internet gerando a participação nestes desafios absurdos que vemos – mas que para ela, que não tem o cérebro completamente formado e necessita de um amparo maior, mostrando o certo e o errado, não parece errado; os “estranhos”, que éramos orientados a não conversar, agora têm acesso aos nossos dados, fotos, rotina sem muito esforço; fisioterapeutas preocupados com a postura adotada por quem passa horas em frente ao computador ou celular; médicos que estão atentos desde os problemas de visão, que aumentaram muito principalmente após a pandemia, até cirurgia plástica inspirados em famosos ou, pasmem, filtros do Instagram.

É fantástico saber que na palma da nossa mão cabe um aparelho capaz de nos transportar e nos conectar com o mundo todo, abrindo a possibilidade de compartilhar conhecimentos, trabalhar, estudar e se divertir. Mas, mais do que nunca, que isso não interfira no nosso discernimento, não nos torne frios, negligenciando o contato com o outro, compartilhando momentos realmente offline, cuidando principalmente da nossa saúde física e mental. Por isso pense nesta semana, até onde a tecnologia me ajuda e a partir de onde ela me prejudica. Não deixe que algo tão pequeno, com uma funcionalidade tão importante, tome conta da sua vida de maneira tão despótica.