28/03/2015
A inflação, a oficial, já ultrapassa a marca dos 8%. Um pouco mais ela chega aos dois dígitos. Os preços sobem, todos os dias, oscilando ao sabor da corrupção, do desgoverno e até do novo patamar do Dólar. Os combustíveis subiram, e vão subir mais uma vez no final de abril. A energia elétrica está quase eletrocutando o consumidor. Nos supermercados, os preços, todos, dispararam ao ponto do cidadão já começar a substituir a carne pelo ovo, o feijão com arroz pela Mandioca. Já está anunciado o aumento do preço do pão, a partir de primeiro de abril, em média 12%, graças à disparada do Dólar. O preço do leite também deve ser reajustado para cima, nos próximos dias.
Esse é o cenário que mais parece reedição de noticiário do final da década de 80, início dos anos 90, quando a inflação chegava a percentuais estratosféricos, de 80, 90% ao mês, quando os preços eram um pela manhã e outro à tarde, muitas vezes um terceiro preço à noite. Era época do “over night”, uma operação de troca de dinheiro por um dia, para resgate no primeiro dia útil seguinte. Muita gente deixava o dinheiro no banco, mesmo que pouco, para aplicação no “over”, para não perder o valor de compra. Os salários eram corroídos de forma tão violenta, que muitos trabalhadores tinham reajustes mensais. Era uma loucura. Ao que tudo indica, o trabalhador brasileiro se esqueceu desse tempo que, infelizmente, parece estar de volta.
Chegamos a níveis de inflação a partir do qual é quase impossível uma recuperação. Porque a inflação tem mecanismos próprios, e a partir de 7 a 8%, ao ano, ela se autoalimenta, como uma bola de neve que só cresce, enquanto desce da montanha. Os preços aumentam para compensar o percentual perdido no período anterior e, num movimento em cadeia, tudo é reajustado, sempre um pouquinho mais, para prevenir as perdas futuras. Esse filme já é conhecido por quem viveu a época dos planos econômicos, os “ajustes”, como o que acabamos de ver o Governo Federal fazer, na Economia. Aperta aqui, aumenta imposto ali, sobem os preços dos combustíveis, da energia elétrica, do gás, dos alimentos e, lá no fim, são obrigados a reajustar salários, começando tudo de novo. Deus nos livre!